sexta-feira, 1 de maio de 2009

Meteorologia como ciência



Uma oferta crescente sobre informação meteorológica esta a imperar nos meios de comunicação social, tanto em Portugal, como no pais vizinho, Espanha. Maria Luísa Sanches Calero, jornalista e professora na Universidade Complutense de Madrid, veio a Portugal explicar que tipo de informação è esta que nos últimos anos tem adquirido protagonismo e relevância e que tipo de tratamento se deve dar a uma informação da qual os jornalistas não têm qualquer formação. Cada vez mais a metereologia è uma ciência que alcança maior interesse na sociedade, e por isso, necessita de divulgadores especializados que a saibam transmitir de forma clara e compreensiva.
Embora os meios de comunicação social espanhóis estejam a dar mais relevância à questão, è importante focar que as pessoas dão cada vez mais importância aos espaços destinados à meteorologia e por isso estão mais exigentes. A actualização continua de informação è cada vez mais importante e os especialistas nestas questões têm razões para estar felizes. Contudo, tanto em Portugal como em Espanha verifica-se erros graves na transmissão de informação meteorológica, tanto gramaticais como de conceito. Evidentemente que existem bons jornalistas nesta área, mas na minha opinião, falta uma certa proximidade com o tema, um certo empenho. Esta questão passaria pela formação de jornalistas na área mas também de especialistas, que ao contrário dos jornalistas, devem ser ensinados a divulgar meteorologia de forma clara e precisa. Eu pessoalmente tenho uma certa facilidade em compreender melhor um boletim meteorológico divulgado por um jornalista, do que por um especialista. O Jornalista è mais ágil no uso de informação e na forma como a trabalha. Contudo, o jornalista tem muito aprender e deve ser capaz de regular determinados termos especializados de forma a não desvirtuar a informação que esta a transmitir e a não cansar as pessoas. Deve ser ainda capaz de assegurar que os dados traduzidos estão correctos, eliminar o supérfluo e dar exemplos concretos, por forma a que o espectador/ leitor compreenda a noticia. Os meteorologistas precisam de se esforçar para transmitir de forma mais compreensível as informações técnicas e os jornalistas precisam, igualmente, de fazer um esforço para entender melhor os termos usados na meteorologia. A responsabilidade de todas estas incorrecções parte, na minha opinião, de quem informa e de quem transmite a informação à população. Segundo a professora Maria Luísa Calero è necessário “criar-se um conjunto de iniciativas ligadas à formação que permitam debater estes temas e melhora-los”. È natural, que uma da soluções mais evidentes e mais imediatas passaria pelo encontro de um ponto comum entre jornalista e especialista com vista à objectividade e claridade na comunicação.
Portugal, ate há bem pouco tempo, era o único pais da União Europeia que não tinha um meteorologista de serviço nas estações de televisão. A isto, seguiam-se múltiplas queixas na falta de correcção que era feita pelas televisões. A última vez que os especialistas do Instituto de Meteorologia fizeram um boletim meteorológico na RTP foi há dez anos. Pelo mesmo tempo, em Espanha já se discutia a melhor maneira de potenciar a estratégia de como comunicar bem meteorologia, isto para comparar os dois países. Em Portugal ainda não foi criado um curso superior que venha dotar os nossos jornalistas para uma correcta tradução da informação científica. Em Espanha e no Brasil já existem. De qualquer maneira há que saber escolher. Os cursos dão muita coisa que, no fundo, são apenas noções. Por isso o jornalista ficou com a fama de ser um especialista em generalidades. A meu ver o curso de jornalismo devia ser um curso de pós graduação. O ideal seria ter nas redacções economistas, médicos, sociólogos, que, além do curso específico, tivessem uma pós graduação em jornalismo e aprendessem como contar as coisas com clareza. O papel do jornalismo especializado seria, então, o de orientar o indivíduo que se encontra perdido no meio da sobrecarga de informação das mais variadas fontes. A função do jornalismo frente à sociedade vem sendo alterada ao longo do tempo paralelamente às mudanças das estratégias de produção jornalística. Quando iniciou, o jornalismo cumpria a função de expressão ideológica, sendo os jornais eminentemente políticos, o jornalista era um articulista, e a informação era destinada a uma doutrinação, uma forma de panfletagem intelectual. Quando os jornais se tornaram empresas, a informação adquire a condição de bem público, serviço à comunidade e o jornalista é o mediador, o repórter que presta essa função. Entretanto o jornalismo sempre procurou atingir públicos amplos, cumprir esta função de unir as pessoas em torno de uma informação comum. Quando o jornalismo especializado se desenvolve com maior expressão, percebemos que esse público receptor passa a ser considerado na sua especificidade. Ao reconhecermos o desenvolvimento do jornalismo especializado, percebemos que a imagem do jornalista associado a conhecimentos gerais básicos, não é a única perspectiva para este profissional. O desenvolvimento do jornalismo especializado está relacionado com alguma lógica económica que busca a segmentação do mercado como uma estratégia de atingir os grupos que se encontram tão dissociados entre si. Muito além de ser uma ferramenta eficaz de lucro, o jornalismo especializado é uma resposta à demanda por informações direccionadas que caracteriza a formação das audiências específicas.
Maria Luísa recordou durante a sessão que è importante ao jornalista “ a qualidade da informação que se transmite, pelo que a sua articulação linguística è importante” e salientou ainda “a importância de comprovar a verificar sempre, assim que seja necessário, todos os termos, assim como exige o jornalismo especializado”. Em suma, o jornalista especializado deve cumprir as regras no que respeita à síntese e à clareza da informação. Deve adoptar estruturas simples e usar palavras fáceis.

Susana Ferrador

Foto: RTP

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