domingo, 31 de maio de 2009

“O Ser Humano vive para procurar em si as Grandes Falhas da Natureza”

Francisco Varatojo explica porque é que beber leite não é fundamental para a nossa Saúde.

A grande maioria das pessoas acredita que beber leite é fundamental para a sua alimentação. No entanto, algumas pessoas já se questionam acerca dessa «verdade absoluta». Francisco Varatojo é um deles. Resta-nos compreender o porquê. Que mal nos faz o leite à saúde? Quando leite devemos beber?

Francisco Varatojo possui uma vasta experiência na área Macrobiótica, é Director do Instituto Macrobiótico de Portugal sendo actualmente cronista do jornal Sol e professor convidado da Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian.

Entrevista com Francisco Varatojo
Director do Instituto Macrobiótico de Portugal

Francisco, é verdade que é bom beber leite em todas as refeições e sobre todas as formas como ouvimos dizer várias vezes?

Não devemos. Nós somos mamíferos e como qualquer mamífero devemos beber leite, mas o da nossa espécie e até à idade do desmame.

O leite da vaca é muito bom para os bezerros, o leite da cabra é muito bom para os cabritos e o leite humano é muito bom para os humanos. Na minha opinião, nós andamos sempre à procura nas falhas da Natureza, sempre em busca dos nutrientes de outras espécies que poderiam colmatar falhas nossas, e isso para mim é um pouco estranho. Devemos beber leite enquanto precisamos dele e enquanto isso nos trás benefícios. Isto acontece enquanto o bebé tem de mamar. A certa altura o leite materno acaba e acaba também a nossa necessidade de beber leite. A partir daí passamos a inserir na alimentação do bebé outros alimentos, os sólidos. Nenhum animal consome leite depois do desmame, apenas os humanos.
E repare bem, a maioria da população é intolerante à lactose. Estes povos não bebem leite e são os que têm taxas menores de osteoporose e quebras ósseas! É o caso dos asiáticos e dos africanos.

O que podemos comer que seja mais benéfico que o leite?

Tudo! Tudo o que não seja carne, açúcar e lacticínios *risos*

Mas para aquelas pessoas que não conseguem conceber a ideia de deixar de beber lacticínios, ou porque gostam ou porque acham que se não consumirem lacticínios vão ter faltas de cálcio e nutrientes importantes, o que devem consumir em vez do leite?
Por exemplo, pela manhã, como pequeno almoço. Iogurte?


Eu compreendo isso porque tudo na sociedade está estruturado para pensarmos assim. Não está provado que o leite previna a osteoporose, há até muitos estudos que indicam o contrário e há poucos que comprovem que de facto seja verdade.
Há mesmo vários estudos que indicam que a proteína animal faz com que o corpo (os rins) excretem o cálcio consumido. Uma vez que o leite está repleto de proteína animal, estamos a beber leite a pensar no cálcio para que devido ao mesmo acto os nossos rins deitem fora o cálcio que nós consumimos.
O iogurte natural é de facto um alimento melhor que o leite, uma vez que não só é melhor tolerado mas também é fermentado e isso já evita o consumo das dezenas de antibióticos que vários testes de laboratório encontram no leite pasteurizado.
Os alimentos mais importantes a consumir pela manhã são os vegetais, o pão e cereais. O pão e os cereais são bons alimentos porque contêm cereais e hidratos de carbono que é coisa que o leite tem muito pouco. Aliás, é bom dizer que o leite é constituído por proporções de nutrientes que não são as indicadas para o homem. Contém poucos hidratos de carbono (a nossa gasolina, aquilo que faz o nosso cérebro funcionar e nos dá energia) e muita gordura saturada, que é algo muito prejudicial para a nossa saúde e que é pouco comunicado.

Então andamos a consumir leite pensando que suprimos todas as necessidades que temos de nutrientes e cálcio para vivermos fortes e não termos osteoporose e se calhar não é bem assim.

Para nos mantermos saúdaveis e evitarmos a osteoporose precisamos de ter uma alimentação equilibrada e de fazer exercício. É claro que muitas pessoas podem viver sem grandes problemas consumindo leite todos os dias, mas o que digo é que não vão estar completamente saudáveis.
E beber leite e ir para o sofá é quase igual a ter no futuro osteoporose. Há toda uma relação obrigatória entre o cálcio, a sua absorção e da vitamina D com o sol, o exercício físico e uma alimentação rica em legumes, frutas e vegetais. Sem isso, de certeza que não vamos prevenir a osteoprose, mais provável é mesmo estarmos a trabalhar para ela.

É verdade que se consumirmos demasiado leite podemos criar doenças relacionadas com o colesterol, cancro e diabetes tipo 2?

Há muitos estudos que dizem que sim e desconheço algum que diga que não.
Estes estudos comprovam sim que o consumo de leite de vaca está associado ao aumento de colesterol, uma vez que o leite contém muitas gorduras, que ainda por cima são saturadas e que são as piores que existem. Não compreendo porque é que nunca ouvimos falar disso nos media, quando ouvimos tanta coisa sobre alimentos que fazem mal.
Nestes estudos encontraram-se também relações fortes com alguns tipos de cancro como o dos ovários e o da próstata e com a diabetes tipo 2. Isto acontece inclusivamente nas crianças, o que é muito preocupante.

É verdade que as pessoas que são intolerantes à lactose perdem essa intolerância bebendo mais leite? Li esta informação num site de uma marca conhecida de leite e achei estranha a informação.

Não conheço estudos que digam que sim. Sei que isso não será verdade para todas as pessoas, é possível que resulte nalguns casos mas na minha opinião isso poderá até ser prejudicial para a saúde da pessoa, uma vez que o corpo possivelmente se irá adaptar de alguma outra forma para poder conseguir digerir o leite.

Então que método devemos adoptar? Quanto leite podemos beber por dia então?

Na minha opinião nenhum. O nosso organismo deixa de precisar de leite depois do desmame e depois disso não precisamos de beber quaisquer copos de bebida branca todos os dias, precisamos sim de manter um estilo de vida saudável.

E substituímos o leite por que alimentos?

Como eu disse, nós não precisamos de substituir o leite de vaca por leite de soja ou por qualquer outra bebida branca. Simplesmente não precisamos dessa bebida branca por dia. Precisamos sim de ter uma alimentação equilibrada e praticar exercício. Eu bebi muito leite em criança e isso fez-me muito mal à saúde na altura, pois era intolerante à lactose. O facto de ter insistido tanto nunca me fez deixar de ser intolerante, apenas me trouxe problemas e há muito tempo que não bebo leite nem outros lacticínios e estou saudável. Os meus filhos nunca beberam leite e são saudáveis.

Mas a comunicação social diz-nos tanto que precisamos de leite para ser saudáveis, como é que deixamos de beber leite e ficamos bem? Porque é que não nos dizem para comer vegetais, fazer desporto, etc? Porque é que nos dizem que basta beber leite para termos todos os minerais, vitaminas e nutrientes que precisamos para nos manter saudáveis e alimentados?

Veja bem, é preciso ter em atenção quem envia estas mensagens. Normalmente são pessoas/organismos com interesse no leite. E depois é tudo uma questão de lucro, o comércio do leite é muito mais lucrativo que o dos legumes.

Tudo o que diz parece fazer sentido, mas como é que nunca ouvimos falar disto, que publicações credíveis existem sobre o tema?

Um exemplo credível que lhe posso dar, entre outros, são os livros “Food Revolution” e “Diet for a New America”. Irá reparar que o autor é Jon Robbins, que curiosamente é o dono da cadeia Baskin and Robbins * risos*

sábado, 30 de maio de 2009

Adulto + Leite ≈ Saúde

É crença geral de que é o alimento perfeito.
Existe até uma campanha nacional que diz que “nada o substitui”.
Será verdade, ou mito?

Depois da infância devíamos continuar a beber leite? A Osteoporose é afastada com o consumo constante de leite? Será que este movimento “leite sempre” promove hábitos realmente benéficos para a nossa saúde?

Foi com estas dúvidas (que ao que parece são pouco faladas no espaço público) que fui à procura da resposta. Isto porque um dia destes abri uma revista da área de saúde e bem-estar e vi uma nutricionista a mencionar que o leite era como outro alimento qualquer, imperfeito e a ser consumido com conta, peso e medida, principalmente na idade adulta.Durante toda a vida ouvi que o leite é o bem essencial. O leite tem cálcio, o leite tem água, o leite alimenta mais do que qualquer outro alimento, o leite é bom para os dentes, para os ossos, para os pequenos, para os grandes, para os avós e para os adolescentes. O leite, no fundo, é sempre comunicado como sendo o alimento perfeito: com as melhores vitaminas e minerais que o corpo precisa. Esta é uma campanha muito bem montada, nenhum leigo na matéria vai alguma vez duvidar e é certo e sabido que a grande maioria da população acha que vai combater a osteoporose bebendo leite (pensam as senhoras na idade da menopausa: “Para que é que hei-de andar, fazer ginástica e comer vegetais se tudo o que preciso para estar bem de saúde e prevenir a osteoporose é o leite? E eu bebo tanto!”).A única coisa que não nos dizem é que beber muito leite (e para algumas pessoas até simplesmente beber leite) também faz mal. Nunca nenhum anúncio de televisão diz isso. É, no entanto, muito fácil de compreender quando nos explicam que o leite tem muita gordura e isso não é bom para o colesterol. É de pensar também quando vemos quem publicita o consumo do leite: Sociedades Produtoras de Leite, marcas de leite e lacticínios, etc.

A intenção não é lançar o pânico, nem tão pouco agredir as produtoras de lacticínios. Mas a verdade é que é necessário alertar para o facto de ser necessário dizer a verdade completa, informar com qualidade. E a verdade pode não ser aquela que nos bate à porta todos os dias.

Fui ao motor de pesquisa para procurar mais informações acerca do tema. Encontrei os mais variados testemunhos, desde sites vegetarianos a nutricionistas e artigos de opinião. Todos diziam que beber leite pode trazer vários problemas para a saúde e que não é suficiente beber leite para ver supridas as nossas necessidades diárias de nutrientes.

Li também um documento em inglês que dava todas as razões, muito consistentes por sinal, de que não somos animais para beber leite depois da infância. Entre elas estavam o facto de termos dentição herbívora/frutífera, de o nosso sistema digestivo ser longo e por isso estar preparado para digerir alimentos rapidamente processáveis (como as frutas e os vegetais) e não alimentos animais porque criam bactérias (e por isso os leões têm sistemas digestivos muito rápidos), e o que me convenceu mais: Segundo o Centro de Nutrição e Alimentação Mimosa (CNAM), da conhecida marca de lacticínios portuguesa, 70% da população mundial tem intolerância à lactose e a grande maioria das pessoas começa a deixar de produzir a lactase (a enzima que digere a lactose) entre os 5 e os 6 anos de idade. O que é mais interessante notar é que esta informação aparece quando a mimosa lança o seu novo leite “Bem Especial 0% Lactose”.

Há algum tempo, uma nutricionista explicou-me que a intolerância à lactose não é o mesmo que uma alergia. Há várias pessoas alérgicas a alimentos bons para a saúde e há também quem o seja à lactose, ainda que numa percentagem muito reduzida. A intolerância é completamente diferente e um sinal bastante forte de que se calhar o leite não é afinal o alimento primordial. Porque se 70% da população mundial é intolerante à lactose, dá que pensar. Ora se perdemos progressivamente a lactase, como é que vamos digerir o leite? Percebi que deve então ser essa a razão porque fico mal disposta depois do pequeno-almoço. No entanto, a mesma marca sugere no seu site várias formas de contornar este “percalço”: Beber mais leite para assim fabricar mais bactérias no intestino e assim recuperar a tolerância à lactose “da forma menos dispendiosa e mais simples possível”; beber produtos lácteos com baixo teor de lactose ou mesmo sem lactose; optar por leite com chocolate e iogurtes pois estes apresentam maior taxa de tolerância e, por fim, tomar cápsulas de lactase diariamente para assim conseguir digerir o leite. E fica-me uma dúvida, pendendo como um ponto de interrogação em cima da cabeça: Então eu vou tomar comprimidos para poder digerir o leite?

Desde quando é que deixou de vigorar aquela “lei” do corpo humano que diz que o corpo humano rejeita o que não lhe faz bem? Desde quando é que se tornou aceitável tomar remédios para poder comer coisas? Nesse caso não deve faltar muito para vermos todas as pessoas, mesmo as que não têm diabetes, a tomar insulina para poder comer mais doces do que deve! E não menos importante, será que é lógico e verdadeiro que beber mais leite quando se tem sintomas de intolerância (cólicas abdominais, diarreia, náuseas, vómitos, sensação de enfartamento) vai tornar-nos tolerantes? Vários estudiosos chegaram já à conclusão que o consumo de leite pode levar a vários problemas de saúde, desde o acne (e andam os jovens a cortar no chocolate porque lhes faz borbulhas), a diabetes tipo 2, o cancro da próstata, da mama e dos ovários, rinites e sinusites, doenças do foro imunitário, até ao colesterol e, imagine-se, não tem vindo a ser associado à melhoria da osteoporose!Segundo o Director do Instituto Macrobiótico de Portugal (IMP), Francisco Varatojo, professor convidado da Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian e orador de várias palestras e seminários em vários locais do mundo, os países com maior percentagem de consumo de leite (Finlândia, Suécia, Estados Unidos da América e Inglaterra) são precisamente os países do mundo com maiores índices de osteoporose per capita.

Curiosamente, os povos mais intolerantes à lactose (os asiáticos, que o são entre 95% a 100% e não consomem leite depois de deixarem o leite materno) são os que têm menor taxa de prevalência de cancro da mama, da próstata e dos ovários, sendo a proporção de 1 para 10 000 (no Reino Unido a proporção é de 1 para 12).

Segundo Francisco Varatojo, o leite nem sequer é o alimento com maior percentagem de absorção de cálcio e uma caminhada diária de 30 minutos diários pode ser o suficiente para evitar a osteoporose.

Exemplo:
Percentagem de Absorção de Cálcio
Couve de Bruxelas - 63.8%
Brócolos - 52.6%
Rama de nabo - 51.6%
Couve - 50%
Leite de vaca - 32%
Fonte: "American Journal of Clinical Nutrition"

Existem ainda outras fontes que dizem que é o leite que vemos no supermercado é perigoso para o nosso organismo e que, para o evitar, deveríamos beber leite biológico. Isto porque, segundo Robert Cohen, escritor do livro “leite: Alimento ou Veneno?”, tudo aquilo que nos disseram sobre o leite não passa de uma mentira. Um copo de leite está, segundo o autor, repleto de gordura (mesmo que diga que tem pouca), bactérias, antibióticos e colesterol. O autor chega mesmo a igualar um copo de leite a três fatias de bacon. Ainda segundo Robert Cohen, às vacas produtoras de leite é administrada uma hormona de crescimento denominada de rBGH (Recombinated Bovine Grouth Hormone), hormona esta aprovada pela Food and Drug Administration (FDA). Esta hormona provoca depois várias infecções nos animais (mastites) que têm, por isso, de receber doses muito altas de antibióticos.

Segundo José Peixoto (Homeopata, autor do livro “A Questão do Leite”) esta hormona provoca um aumento de uma substância que é conhecida como sendo provocadora do aumento das probabilidades de se desenvolver cancro, o IGF-1. Esta substância é resistente à pasteurização. Quando o leite é tratado para seguir para os supermercados como “Leite UHT”, o processo de pasteurização e homogeneização, perde a grande maioria dos seus nutrientes bons (a lactase para digerir o leite – que o leite com chocolate possui devido ao cacau – e a fosfatase que permite a maior assimilação do cálcio). Por essa razão, na opinião de José Peixoto, o leite deveria ser consumido apenas quando é de proveniência biológica e nunca aquele que encontramos nas prateleiras dos supermercados.

Segundo Francisco Varatojo (IMP), no nosso século vivemos preocupados com a nossa saúde e o que comemos. Cortamos na carne vermelha, na fast-food, no café, nos fritos, nas gorduras e nos doces, mas ninguém põe em causa o leite. Ninguém põe na balança o poder que o leite tem de fazer mal ao ser humano, apesar de mais nenhum mamífero ingerir leite depois de deixar o leite materno. Em parte, isso é devido à enorme força das campanhas publicitárias e informativas que circulam desde sempre nos órgãos de comunicação social. Ao que parece, para o século XXI o alimento estratégico é o leite. Não a água, não a alimentação saudável, não os vegetais, mas o leite.

Alguns problemas do leite segundo Francisco Varatojo:
Gorduras Saturadas:
A gordura presente nos lacticínios é gordura saturada, responsável pela obstrução dos vasos sanguíneos que está na origem da maioria das doenças cardiovasculares modernas.

Cancro da Próstata:
Os homens que bebem 2 ou mais copos de leite por dia têm mais do dobro das hipóteses de desenvolver cancro da próstata avançado ou com metástases do que aqueles que não bebem leite nenhum.

Antibióticos:
Nos Estados Unidos, a vasta maioria dos antibióticos é utilizada nos animais e não em pessoas.

Cancro nos ovários:
Um número significativo de estudos apontam para a hipótese de o cancro nos ovários estar ligado ao consumo de produtos lácteos e apesar de tais estudos não serem conclusivos, a ligação parece ser demasiado forte para não ser considerada.

Já o leite materno é um importante alimento, que nenhum bebé deve deixar de consumir. Isto porque possui todos os nutrientes, gorduras, vitaminas e minerais que a criança (e qualquer outro mamífero) necessita para crescer saudável nos primeiros meses da sua vida. No entanto, o mesmo parece não ser verdade depois. Tal como todos os outros mamíferos, o leite materno acaba precisamente quando deixa de fazer falta à criança. A partir daí, ela deve seguir para os alimentos sólidos.

Nenhum mamífero bebe leite depois de ser desmamado e muito menos bebe leite de outra espécie. No entanto, todos nós reagimos com repugnância se nos for sugerida a hipótese de beber leite humano.

Nos filmes e séries de televisão vemos várias vezes homens acabados de ser pai que vão ao frigorífico beber um copo de leite, cuspindo-o mal a mãe da criança o avisa de que está a beber o leite materno, e nós, espectadores, acompanhamos a cena com uma careta.

Curioso, não?

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Educação para o copo no chão

Opinião


As Semanas Académicas são a celebração máxima do estudante universitário. Durante dias a fio, os estudantes largam os livros e festejam aquele que muitos consideram o melhor período das suas - ainda curtas - vidas. A cerveja é a bebida mais popular. Dezenas de barris são essenciais na barraca ou no carro alegórico de cada curso ou faculdade. As principais marcas cervejeiras do país lutam por conseguir os direitos sobre as Queimas das principais cidades universitárias do país. As marcas vencedoras oferecem os brindes que vão desde as t-shirts ao indispensável copo de plástico, o desestabilizador.

No final de cada noite acumulam-se às centenas, até milhares nos maiores eventos. Cada um tem poucos minutos de fama. Menos do que os 15 que Andy Warhol disse que cada humano deveria ter, mas estamos a falar de copos de plástico. A sua utilização chega a durar apenas segundos. A culpa é daquele tipo mais entusiasmado com a banda cujo nome ocupava a letras garrafais o bilhete que dá entrada no recinto. Entornou-nos o copo. A violação deste espaço com bocadinhos de plástico com as palavras Super Bock, Sagres ou Tagus gravadas continua. Alguns deles passaram pelas mãos do tal tipo entusiasmado. Demasiados para uma pessoa só. Uma minoria insignificante na família dos copos atirados para o chão.

Prevenção contra este comportamento seria infrutífera. Caixotes do lixo seriam ignorados nestes locais invadidos por uma multidão com dificuldades em se deslocar. Proibir a venda de bebidas nas Semanas Académicas é utopia.

A atribuição de um preço, por mais que simbólico, faria os despreocupados estudantes em festa - cujos trocos contados são uma imagem de marca - pensar duas vezes antes de abandonar o seu copo. Reutilizar seria o novo verbo a conjugar. Limpo, o adjectivo objectivo. Poluição, o substantivo a abater. Afinal, a Semana Académica é a festa da Universidade, cujo objectivo primordial é educar para a cidadania.


Luís Soares

terça-feira, 5 de maio de 2009

Privação de cafeína aumenta fluxo do sanguíneo no cérebro


Sílvia Lopes

Uma equipa de investigadores norte-americanos estudou bebedores crónicos de café e descobriu que quando privados da bebida, os consumidores, sofrem de dores de cabeça provocadas pelo aumento do fluxo sanguíneo no cérebro.

O café é a segunda bebida mais consumida a nível mundial e é uma mercadoria tão valiosa como o petróleo. Quem se depara com esta estatística não relaciona os males que o seu uso excessivo ou mesmo diário acarreta. Quem toma todos os dias uma chave de café, como se fosse um elixir milagroso, que faz acordar até os mais dorminhocos, sente a falta que o café lhe faz diariamente. Um bebedor de café crónico quando lhe é privada esta bebida tem múltiplas reacções. A privação de cafeína tem efeitos específicos muito conhecidos: fadiga; dor de cabeça; dificuldades de concentração; e até uma diminuição do estado de vigilância.
Uma equipa de investigadores norte-americanos estudou este tipo de sintomas recorrendo a electroencefalogramas (EEG) e equipamentos de ultra-som. Segundo o estudo publicado na revista cientifica Psychopharmacology a actividade eléctrica no cérebro e o fluxo sanguíneo alteram-se na falta de café quando se é um bebedor crónico deste produto.
Foram estudados dois grupos de voluntários, pelas Universidades de John Hopkins e de Vermont, ambos os grupos eram bebedores crónicos de café que decidiram suspender o seu consumo para se submeter ao estudo. Um grupo foi submetido à administração de um comprimido de cafeína, e o outro grupo, a um de placebo.
Durante a avaliação do fluxo sanguíneo no cérebro recorrendo a ultra-sons e a electroencefalograma (EEG), os investigadores registaram, que a privação repentina da cafeína aumenta o fluxo dos vasos sanguíneos cerebrais, estando na origem da habitual dor de cabeça, resultado da privação de cafeína numa pessoa que bebe café diariamente.
Nas medições dos EEG, observaram-se alterações ao nível do aumento de um determinado ritmo, o ritmo teta, associado, anteriormente, a fadiga em situações de privação. Em termos qualitativos, os voluntários a quem foi administrado um comprimido placebo, registaram um aumento de cansaço, fadiga e sensação de indolência.
Segundo Stacey Sigmon, da Universidade de Vermont e um dos autores do estudo, a ingestão diária de cafeína “não tem qualquer vantagem acrescida, ao contrário do que os amantes do café imaginam”
FILANDESES SÃO OS QUE MAIS CONSOMEM
Os maiores consumidores mundiais de café, em termos absolutos, são: Estados Unidos; Brasil; Alemanha; e Japão. No consumo per capita, a Europa encabeça a lista com a Finlândia em primeiro lugar, com um consumo per capita de 11 kg por ano, segue-se a Dinamarca, Noruega, Suécia, Áustria e Alemanha. Em Portugal o consumo per capita é de 2 kg por ano.
Baseado no artigo de 04 de Maio de 2009 de DN

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Meteorologia como ciência



Uma oferta crescente sobre informação meteorológica esta a imperar nos meios de comunicação social, tanto em Portugal, como no pais vizinho, Espanha. Maria Luísa Sanches Calero, jornalista e professora na Universidade Complutense de Madrid, veio a Portugal explicar que tipo de informação è esta que nos últimos anos tem adquirido protagonismo e relevância e que tipo de tratamento se deve dar a uma informação da qual os jornalistas não têm qualquer formação. Cada vez mais a metereologia è uma ciência que alcança maior interesse na sociedade, e por isso, necessita de divulgadores especializados que a saibam transmitir de forma clara e compreensiva.
Embora os meios de comunicação social espanhóis estejam a dar mais relevância à questão, è importante focar que as pessoas dão cada vez mais importância aos espaços destinados à meteorologia e por isso estão mais exigentes. A actualização continua de informação è cada vez mais importante e os especialistas nestas questões têm razões para estar felizes. Contudo, tanto em Portugal como em Espanha verifica-se erros graves na transmissão de informação meteorológica, tanto gramaticais como de conceito. Evidentemente que existem bons jornalistas nesta área, mas na minha opinião, falta uma certa proximidade com o tema, um certo empenho. Esta questão passaria pela formação de jornalistas na área mas também de especialistas, que ao contrário dos jornalistas, devem ser ensinados a divulgar meteorologia de forma clara e precisa. Eu pessoalmente tenho uma certa facilidade em compreender melhor um boletim meteorológico divulgado por um jornalista, do que por um especialista. O Jornalista è mais ágil no uso de informação e na forma como a trabalha. Contudo, o jornalista tem muito aprender e deve ser capaz de regular determinados termos especializados de forma a não desvirtuar a informação que esta a transmitir e a não cansar as pessoas. Deve ser ainda capaz de assegurar que os dados traduzidos estão correctos, eliminar o supérfluo e dar exemplos concretos, por forma a que o espectador/ leitor compreenda a noticia. Os meteorologistas precisam de se esforçar para transmitir de forma mais compreensível as informações técnicas e os jornalistas precisam, igualmente, de fazer um esforço para entender melhor os termos usados na meteorologia. A responsabilidade de todas estas incorrecções parte, na minha opinião, de quem informa e de quem transmite a informação à população. Segundo a professora Maria Luísa Calero è necessário “criar-se um conjunto de iniciativas ligadas à formação que permitam debater estes temas e melhora-los”. È natural, que uma da soluções mais evidentes e mais imediatas passaria pelo encontro de um ponto comum entre jornalista e especialista com vista à objectividade e claridade na comunicação.
Portugal, ate há bem pouco tempo, era o único pais da União Europeia que não tinha um meteorologista de serviço nas estações de televisão. A isto, seguiam-se múltiplas queixas na falta de correcção que era feita pelas televisões. A última vez que os especialistas do Instituto de Meteorologia fizeram um boletim meteorológico na RTP foi há dez anos. Pelo mesmo tempo, em Espanha já se discutia a melhor maneira de potenciar a estratégia de como comunicar bem meteorologia, isto para comparar os dois países. Em Portugal ainda não foi criado um curso superior que venha dotar os nossos jornalistas para uma correcta tradução da informação científica. Em Espanha e no Brasil já existem. De qualquer maneira há que saber escolher. Os cursos dão muita coisa que, no fundo, são apenas noções. Por isso o jornalista ficou com a fama de ser um especialista em generalidades. A meu ver o curso de jornalismo devia ser um curso de pós graduação. O ideal seria ter nas redacções economistas, médicos, sociólogos, que, além do curso específico, tivessem uma pós graduação em jornalismo e aprendessem como contar as coisas com clareza. O papel do jornalismo especializado seria, então, o de orientar o indivíduo que se encontra perdido no meio da sobrecarga de informação das mais variadas fontes. A função do jornalismo frente à sociedade vem sendo alterada ao longo do tempo paralelamente às mudanças das estratégias de produção jornalística. Quando iniciou, o jornalismo cumpria a função de expressão ideológica, sendo os jornais eminentemente políticos, o jornalista era um articulista, e a informação era destinada a uma doutrinação, uma forma de panfletagem intelectual. Quando os jornais se tornaram empresas, a informação adquire a condição de bem público, serviço à comunidade e o jornalista é o mediador, o repórter que presta essa função. Entretanto o jornalismo sempre procurou atingir públicos amplos, cumprir esta função de unir as pessoas em torno de uma informação comum. Quando o jornalismo especializado se desenvolve com maior expressão, percebemos que esse público receptor passa a ser considerado na sua especificidade. Ao reconhecermos o desenvolvimento do jornalismo especializado, percebemos que a imagem do jornalista associado a conhecimentos gerais básicos, não é a única perspectiva para este profissional. O desenvolvimento do jornalismo especializado está relacionado com alguma lógica económica que busca a segmentação do mercado como uma estratégia de atingir os grupos que se encontram tão dissociados entre si. Muito além de ser uma ferramenta eficaz de lucro, o jornalismo especializado é uma resposta à demanda por informações direccionadas que caracteriza a formação das audiências específicas.
Maria Luísa recordou durante a sessão que è importante ao jornalista “ a qualidade da informação que se transmite, pelo que a sua articulação linguística è importante” e salientou ainda “a importância de comprovar a verificar sempre, assim que seja necessário, todos os termos, assim como exige o jornalismo especializado”. Em suma, o jornalista especializado deve cumprir as regras no que respeita à síntese e à clareza da informação. Deve adoptar estruturas simples e usar palavras fáceis.

Susana Ferrador

Foto: RTP

"A Evolução de Darwin" - reportagem televisiva

Reportagem sobre a exposição "A Evolução de Darwin" que de 12 de Fevereiro a 24 de Maio tem lugar na Fundação Calouste Gulbenkian:

Luís Soares e Susana Ferrador